As ruas do bairro de Hongdae começavam a encher naquele início de noite, dando largada a vida noturna da cidade de Seul. Muitas pessoas estavam a caminho do trabalho ou indo para casa, mas naquela sexta feira a grande maioria eram de jovens que queriam apenas aproveitar o final de semana; o garoto de cabelos roxos não era diferente deles, mas claramente algo estava errado.
Hansol conseguiu se arrastar para um lugar que não estava tão movimentado, e se encostou na parede, segurando a própria barriga. Seu estômago parecia estar dançando de tão revirado, e o enjoo o abateu como uma bomba. Podia dizer que estava morrendo, com toda a certeza. Ter que mandar mensagem para seu primo pedindo ajuda não era lá muito agradável, mas ele não estava ligando mais para isso; era um caso de vida ou morte.
Jinwoo suspirava pela décima vez desde que pisara os pés para fora da cafeteria, cinco minutos atrás. Estava se sentindo muito mal por deixar sua colega de trabalho na mão, mas sua preocupação com o primo era maior. Não podia só largá-lo por aí, por mais que às vezes achasse que ele merecesse, a sua tia não merecia ter que ver o filho naquela situação.
Ao ver a figura alta familiar cruzando a esquina, Hansol quase xingou de felicidade. Se não estivesse morrendo de dor e enjoado como o inferno, daria um abraço no primo, mas ficou agradecido por não poder fazê-lo.
“Finalmente…!”
“Hansol! Você está bem?” Jinwoo deu uma corridinha assim que avistou o primo, logo chegando perto. Sua expressão demonstrava preocupação, mas também alívio por não encontrar o outro desmaiado em qualquer beco.
“Você não sabe ler não? Eu disse que eu estou morrendo, porra!”
“Ah, que bom que você está bem… Ali na frente tem uma farmácia, vamos comprar um remédio pra você.”
“Não me ignora, seu imbecil! Eu tô dizendo que eu to morrendo, você acha que eu consigo andar até lá?”
“Ta bom Hansol.” Jinwoo revirou os olhos, cansado do drama do mais novo “Me dá seu braço aqui, eu te ajudo a andar, é logo aqui na frente.”
Hansol resmungou mais alguns palavrões antes de aceitar a ajuda do primo, e começarem a se dirigir até a farmácia. Jinwoo era bem mais alto, então era uma situação um pouco desconfortável para ele por ter que andar abaixado, mas não parecia ligar muito para isso, estava focado em chegar na drogaria.
“Hey, espera aí cara.” Hansol puxou o braço do outro garoto, o fazendo parar de andar. “Acho que eu vou vomitar.”
“Você não consegue segurar um pouquinho? Estamos quase lá.”
“Eu não quero vomitar dentro da farmácia Jinwoo.” ele disse, enquanto se afastava do primo e se apoiava em uma parede. “Eu espero aqui fora, vai lá e compra aquela porcaria.”
Ainda meio hesitante, Jinwoo concordou e correu até a farmácia. Ele foi incrivelmente rápido, Hansol mal teve tempo de quase vomitar e o garoto já voltara com uma cartela de remédio e uma garrafa d’água. Os dois foram até uma muretinha onde as pessoas geralmente sentavam para beber, e enfim o de cabelos roxos pôde tomar o comprimido.
“Espero que não demore muito para fazer efeito.” Hansol murmurou depois de dar longos goles de água. “Obrigado cara.”
“De nada. Já podemos ir pra casa?”
“Ir pra casa? Tá maluco? A gente tem rolê agora com os caras!”
“Ah não, você que tá maluco né Hansol? Você tá passando mal e ainda quer ir nessa festa?”
“Eu tomei o remédio justamente para melhorar e aproveitar essa merda!”
Jinwoo bufou colocando as mãos no rosto, em silêncio. O outro garoto o encarou, irritado.
“O que foi?”
“Hansol…” chamou o primo, abaixando as mãos e olhando diretamente em seus olhos. “Por que você é assim?”
“Ah, vai se foder! Até parece que eu nunca te tirei de um perrengue desses.” Hansol exclamou irritado, ficando de pé em um pulo, começando a andar em seguida. “Anda logo, já estamos atrasados.”
Derrotado, Jinwoo deu de ombros, seguindo o primo e esperando que ele não lhe desse mais nenhum trabalho naquela noite.